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15 março 2018

Minha terrível experiência com o DIU Mirena


Vou fazer um favor a um bocado de mulheres e dizer para vocês que chegaram aqui porque estão pensando em colocar o DIU Mirena: REPENSEM. Eu queria muito ter lido um post como esse antes de ter tido a brilhante ideia de fazer isso com o meu corpo, que carrega as consequências dessa decisão até hoje.

Segue o relato.

Desde meus 18 anos eu uso anticoncepcional e nunca tive nenhum desses problemas tão comuns a tantas mulheres, como espinhas, ganho de peso, alteração de humor etc. Pra mim sempre funcionou bem e depois de uns quatro ou cinco anos de uso, minha ginecologista disse que tudo bem se eu não quisesse mais menstruar e tomasse cartela contínua. Trocou pra Elani 28, que é feito justamente pra ser tomado sem interrupção e foi sucesso.

Ano passado comecei a repensar a história do uso do anticoncepcional por uma razão prática. Como eu vou me mudar para a Inglaterra e lá não se compra anticoncepcional na farmácia como aqui no Brasil, achei que era muito trampo ir a uma unidade de saúde todo mês pra poder pegar uma cartela nova e pensei: que fantástica ideia seria inserir um DIU hormonal.

Conversei com minha ginecologista por quase uma hora e ela falou que em 95% dos casos as mulheres paravam de menstruar (assim como já era comigo com as cartelas contínuas) e todo o medo que eu tinha de ter um AVC causado por anticoncepcional seria diminuído porque o hormônio é aplicado in loco, então praticamente não vai pra sua corrente sanguínea. Além de tudo, a duração do mesmo era de 5 anos, o sistema de saúde inglês usa a mesma marca e faz a troca gratuitamente.Tem alguma contraindicação? O que pode dar ruim? "Levando em consideração o seu histórico médico, nada".

Sim, essa foi a resposta que eu recebi. A mulher cuida de mim há tantos anos que confiei. Desconfiando, é claro. Fiz muita pesquisa na internet, fui atrás de relatos, de casos que tinham dado errado etc. Só encontrei casos de sucesso.


A inserção


Em fevereiro de 2017 meu plano de saúde cobriu todo o procedimento (com exceção da anestesia, que custou R$ 200) e a médica inseriu o DIU. Assim que eu saí da clínica e o efeito da anestesia passou, eu comecei a sentir cólicas horríveis. De lá já passei na farmácia e comprei um remedinho potente e segui dirigindo pro trabalho. No meio do caminho as dores ficaram tão fortes, tão horríveis, que eu tive que mudar o percurso e ir pra casa.

Meu útero passou o resto do dia tentando "parir" o DIU. Sim, a sensação foi essa mesma, de expulsão. Eu, que nunca tive problema com cólica na vida, achei que estava perto da morte, mas segui firme porque a médica disse que isso era esperado. O remédio só fez a dor ficar suportável, mas eu fiquei imprestável um dia inteiro.

Os primeiros sintomas


Eu tive sangramento por 23 dias seguidos depois da inserção do DIU - também esperado, segundo minha médica. Cheguei a pensar que o DIU havia se deslocado e não estava mais fazendo efeito, hipótese refutada pela médica, que conferiu que tudo estava no lugar certo. Eu também sentia cólicas que vinham do nada e iam embora do nada também. Meu humor se alterou loucamente (leve em consideração que havia pelo menos oito anos que eu não sofria com TPM) e minha depressão voltou.

Não bastasse isso, minha pele, que sempre foi impecável, começou a sofrer com uma coisa que eu não sabia bem como descrever. Não era espinha, mas ficou caroquenta, como se eu estivesse com alergia de alguma coisa. Meu cabelo, que já caía bastante, passou a despencar desesperadamente, a ponto de eu ficar com umas entradas dos lados. Comecei também a me sentir inchada e a ganhar um peso que não fazia sentido, já que eu estava cuidando direitinho da alimentação e dos exercícios. Ah, e claro, o que as meninas chamam de "sensibilidade mamária", que eu traduzo como: os peitos incham e doem. Doem muito.


A confusão


Um mês antes de colocar o DIU eu um tratamento pra hipotiroidismo recém-diagnosticado e quando fui à ginecologista reclamar dos sintomas que eu estava sentindo, ela disse que era tudo culpa da tiróide e que a dose da medicação precisava ser alterada, que eu deveria me consultar novamente com minha endocrinologista.

Volto eu à endocrinologista, que pede uma pilha de exames e já avisa de antemão que todos os sintomas que eu estava sentindo eram hormonais, mas não da tiróide. Encontramos a dosagem correta do medicamento, minha tiróide estava controlada e ainda assim eu continuava sofrendo com todos aqueles problemas.

A viagem


Em maio eu viajei pra Inglaterra pra uma temporada de quatro meses. À época, eu tinha escapes que duravam 20 dias a cada mês. Meu cabelo já tinha caído tanto que teve sua estrutura alterada. Sempre foi um cabelo grosso, liso, pesado e brilhante. Ficou fino, sem forma, quebradiço e opaco.

As cólicas iam e vinham do nada e eu tive episódios horríveis de depressão em que eu nem conseguia sair da cama. Isso foi o que mais me abalou porque afinal eu estava feliz, com o companheiro que amo, vivendo uma época super tranquila e esperada. Até então, eu estava botando a culpa de todo o mal na tiróide, porque afinal, não tem nada na bula, na internet, na experiência de outras pessoas que me fizesse relacionar o que eu estava sentindo com o DIU.

Quem teve o estalo foi meu noivo, que conseguiu associar meus episódios de depressão em períodos repetitivos, quase sempre na mesma data, a cada mês. Já entendeu, né? Sim, meus hormônios do humor (vulgo TPM) se alteravam DE TAL MANEIRA que eu cheguei a acreditar que tava sofrendo de depressão de novo. E essa foi a gota d'água.


Uma nova pesquisa


Comecei a procurar no Dr. Google, então, apenas os meus sintomas. Cheguei ao blog de uma menina contando basicamente o que eu estou relatando aqui, toda a merda causada na vida dela desde que ela teve o DIU inserido. Muitos comentários se seguiam ao post, de mulheres também assustadas e revoltadas pelo que estavam passando e se sentindo totalmente desamparadas, sem um diagnóstico.

Foi ótimo ter encontrado essa mana, porque foi ali, lendo todos esses relatos, que eu decidi me livrar dessa nhaca. Voltei pro Brasil no fim de agosto e um mês depois consegui marcar com a ginecologista pra tirar esse trem do cão.

Balanço


Foram quase oito meses com o DIU, sofrendo de queda acentuada de cabelo, alteração hormonal grave (TPM comparada a depressão), sangramento de escape 20 dias por mês, aumento de 8kg (equivalente a 14% do meu peso total), pele muito mais oleosa e com espinhas e cólicas muito fortes, sem hora pra acontecer, além da dor nos peitos (chame aí de sensibilidade mamária se você quiser). Levem em consideração que eu nunca havia tido nenhum desses problemas em 31 anos de vida.

Agora já são seis meses desde que voltei pra pílula e o que melhorou instantaneamente foi minha pele, assim como as cólicas e sangramentos, que cessaram. A TPM e a sensibilidade mamária ainda levaram um tempo pra se estabilizar, mas não demoraram a desaparecer. Até o presente momento desci apenas 4kg na balança, o que significa que ainda faltam outros 4kg pra voltar ao meu peso normal (não fiz dieta nem aumentei a carga de exercícios). Meu cabelo, coitado, ainda sofre. Sinto que ele está começando a voltar à forma de antes, mais liso e pesado, mas ainda cai bastante e tem bastante frizz, que eu imagino serem os cabelos novos que estão nascendo.

Se você conferir a bula do Mirena, vai ver que nenhum dos sintomas que eu relatei está incluído nas possíveis reações causadas pelo medicamento. Mas se você comparar os meus sintomas com os das meninas que passaram a sofrer as mesma coisas desde que tiveram o DIU inserido, vão ver como tudo bate. Aqui tem ainda outro relato.

Meu objetivo com esse post não é fazer propaganda contra o Mirena, mas apenas oferecer um relato de uso e de reações que não foram informadas nem pela bula do fabricante nem pela minha médica. A escolha continua sendo da mulher. Mas ó: se sentir qualquer uma das coisas que citei, aconselho a tirar o dispositivo tão logo seja possível porque pra voltar ao normal demora muito, muito mesmo.

07 março 2018

Sobre casamentos e profissionais que não entendem nada de business


Estou noiva, com casamento marcado pra outubro de 2018 e, devo dizer, abismada com:
1. O atendimento que tenho recebido;
2. O preço exorbitante de absolutamente tudo relacionado a casamento;
3. A treta que uma festinha pode causar.

Vou ilustrar com acontecimentos reais pra atalhar a conversa. Meu noivo está na Inglaterra, eu estou no Brasil. Escrevi um email bem detalhado, explicando exatamente a minha paleta de cores para as flores da decoração e 6 fotos de arranjos que eu quero usar. Mandei cópia para todos os floristas da região e pedi para que me enviassem o orçamento de cada um dos arranjos. Sem mistérios, né?

Recebi orçamento de tudo quanto é preço e ainda dois emails muito curiosos. O primeiro dizia que não havia entendido bem, que seria necessário que sentássemos para conversar. Oras, se eu recebi outros orçamentos é porque certamente estava claro, não precisaria explicar nada mais. Descartado.

O segundo email exigiu que eu respondesse a um formulário antes que continuássemos qualquer negociação. Li o formulário. Continha exatamente o que eu já tinha colocado no email + o combo informações pessoais que não te interessam + a perguntinha do final cereja do bolo "Numa escala de 0 a 10 quão animada você está de ter a nossa empresa fazendo a sua decoração?". Eu não tô de brincadeira.


Obviamente nem respondi. Daí passa uma semana e o indivíduo me manda um email alertando pro fato de que eu não havia respondido o tal formulário. Informei que já tinha resolvido a pendência das flores e não precisava mais dos serviços dele. Ele não ficou conformado, precisava responder:

"Mas como assim, estou muito surpreso com essa resposta porque você parecia muito interessada no nosso business."

Fui educada, respondi que enquanto ele criava complicações para me passar um orçamento, outros profissionais já haviam resolvido meu problema. Ele não se deu por vencido e me mandou esse último email, para o qual nem resposta dei: 

"Preço por preço, você encontra isso no nosso site, evita que todo mundo desperdice tempo."

Amigos empreendedores, vamos deixar uma coisa clara aqui: são vocês que precisam dos clientes, não o contrário. Isso posto, sigamos adiante... Vamos agora aos profissionais que acreditam no seu peixe, mesmo vendendo um peixe milionário.

Achei um arranjo para o cabelo no site Etsy, produzido manualmente por uma designer da Nova Zelândia e vendido por R$ 800. Achei caro, porque, afinal, estamos falando de um treco pro cabelo que você vai usar uma ÚNICA VEZ NA SUA VIDA. Nada contra quem ache que tá barato, que vale sim, que é o preço do trabalho da moça etc. Tá liberado gastar seu dinheiro como lhe convier, porém eu acho muito caro e não pago, não. Enfim...


Comecei a procurar na minha cidade alguém que tivesse um modelo parecido ou até mesmo que se dispusesse a criar algo inspirado no design da moça neozelandesa e achei uma! O atendimento começou pelo instagram e a moça foi super profissional, pegou meu telefone, conversamos e ela disse que tinha uma peça parecida, mas que poderia confeccionar uma do jeito que eu precisasse.

Curiosa, pedi que me enviasse a foto da peça que ela já tinha à disposição e também o preço, pra eu avaliar se cabia no meu orçamento. Qual não foi a minha surpresa quando ela me contou que a peça custava a incrível quantia de R$ 2,4 mil. Agradeci e gentilmente avisei que a proposta dela estava muito além do meu orçamento. Meu vestido custa R$ 600 e eu já acho o maior dos absurdos!

Fico aqui no limbo do questionamento: as empresas cobram o que querem por itens de casamento porque as noivas pagam qualquer coisa ou as noivas pagam qualquer coisa porque não há preços melhores? Eu acho que pra tudo há jeito nessa vida e, olha, não pago, não. É só uma festa. Parem com essa glamourização.

Quanto ao item 3, eu vou ser mais objetiva: mantenha sua família longe dos preparativos do seu casamento. Não são eles que sabem o que é o melhor pra você. Quem sabe disso são você e seu noivo. Deixe o povo espernear, deixe o povo brigar, te chamar dos piores nomes. O casamento é seu e a festa é para os noivos. Feliz de quem é convidado. Se sair gente reclamando, ria. Se você se divertiu, era isso que importava. Vamos de novo: a festa é para os noivos.

22 novembro 2017

Brasileiros passando vergonha em grupos do Facebook


Se vc alguma vez na vida pensou em morar fora, certamente já entrou nesses grupos do Facebook onde pessoas com interesses em comum se unem para trocar ideias, dar umas dicas e fazer um network. Isso, claro, no mundo ideal, porque no mundo real as pessoas estão totalmente loucas.

Eu vou pular os casos em que as pessoas lavam roupa suja no grupo, dão indiretas umas às outras, postam vídeos indecentes e surtos psicóticos e violentos.

Eu quero falar das pessoas que entram no grupo e deixam alguma coisa desse tipo:

"Oi, moro em Floripa, quero ir morar em Londres. Tem emprego?"

NÃO SEI NEM POR ONDE COMEÇO.

Tem um pessoal que ainda tenta, dá uns toques, umas dicas de onde começar a pesquisar. Mas a pessoa quer usar o Google? Não, ela não quer. Ela quer que alguém responda "tem sim, vem pra cá que eu te dou um emprego". Que mundo cês vivem?


"Quero morar em Londres, me leva?" Claro, é fácil assim

Estou há um ano e meio pesquisando vistos de noiva e esposa porque sou noiva de um britânico. Atenção: UM ANO E MEIO. O site do UK Visas é super extenso, cheio de pormenores, lotado de regrinhas e exceções.

Daí me vem uma moça num desses grupos e pergunta qualquer coisa do tipo "o que é o melhor? Casar aqui ou casar lá? Quando posso começar a trabalhar? Onde que aplica pro visto?". Minha resposta (a única pessoa que se deu ao trabalho, diga-se de passagem) foi: Miga, você tem que escarafunchar o site do Home Office, são muitas regras e leis pra serem estudadas, quando você tiver uma dúvida mais específica, fica mais fácil te ajudar. Sabe o que a moça respondeu? Um gif bem do mal educado.

Aparentemente isso é bem comum, né? O povo quer que você resolva o problema dele. De graça. E pra ontem.

Por favor, pessoal, antes de passar essa vergonha online, deem uma pesquisada. Mostrem que vocês estão interessados de verdade e não simplesmente curiosos. Do mesmo jeito que você é muito ocupado, nós também somos, e além de tudo ainda nos disponibilizamos a ajudar. Por favor, usem a internet a seu favor e não contra você.

14 setembro 2017

O dia em que eu empatei a foda

Portsmouth sendo linda num final de tarde de verão

Teve um dia que eu tava dirigindo por Portsmouth e calhou de eu pegar um pôr-do-sol incrível. Já tinha tirado várias fotos no porto e estava assim, como eu posso dizer, quase satisfeita com o produto do meu trabalho.

Na volta pra acomodação, calhou de eu topar com uma espécie de mirante, no alto de uma montanha, de onde dava pra ver uma paisagem fantástica, com o sol se pondo e tudo. Como tinham vários carros parados lá, parei também.

Eu acho que tinha que parar. Como que não para com uma paisagem dessas?

Na hora de sair do carro eu, que tenho 1,54m de altura e uso o banco bem pertinho do volante pra alcançar os pedais, acabei tocando na buzina sem querer. Daí o carro do lado do meu buzinou de volta, de zoeira. Tava cheio de gente nesse carro.

Desci, dei uma volta pelo lugar… Senti uma hostilidade, mas não me abalei. Continuei andando pra achar um ângulo melhor e tal. Na hora não me toquei, mas ninguém se deu ao trabalho de sair do carro, mesmo não estando frio nem nada.

Eu podia ter ficado sem essa foto e ido embora mais rápido... talvez

Tirei minhas fotos, pá, voltei pro carro e dirigi de volta pra acomodação. Nada muito emocionante. Quando cheguei e contei pro namorado, ele caiu na gargalhada. “Mas como assim? Que que foi?”

O boy: “Marla, as pessoas estavam no mirante pra fazer sexo. Mirante na Inglaterra é como se fosse motel no Brasil.”

Pausa. Aquela, pra cair a ficha. Buzinadinha, carros cheios, ninguém fora dos carros. Boto fé que uma galera achou que eu tava lá em busca de alguém pra uma rapidinha.

Mas é isso, viu, galera? Fica a dica. Viu um mirante na Inglaterra, só pare se for pra dar uma gozadinha. Nada de tirar foto, porque a galera pode ficar incomodada. E, no mais, fique contente com as fotos que você tirou no porto. Tá bom, já. Pode ir pra casa. Bêj.

21 junho 2017

Curtinhas: olá, Cornwall!

Newquay sendo incrível num fim de tarde

Vim parar na Inglaterra de novo.

Dessa vez, no interior do País, em Cornwall - estado conhecido pelas paisagens deslumbrantes, pelas praias incríveis e pelas pessoas mais calorosas da ilha. Confirmo todos os estereótipos.

Dá-lhe praia!

Adaptação tem sido a palavra-chave pra essa temporada, que se encerra em agosto. Morar em Londres não tem muito a ver com morar em qualquer outro lugar da Inglaterra. Londres é muito surreal. O interior me parece mais real, mais palpável, mais confortável.

O interior da Inglaterra é muito charmoso

Tive que aprender a dirigir do lado errado da pista, o que exige um bocado de concentração. Mas agora, 40 dias depois, já consigo ouvir meus podcasts e dirigir, tudo ao mesmo tempo. Sim, isso é uma vitória.

Praia vai virar paisagem de praxe desse blog por um tempo

Estacionar nas cidades é um pesadelo. Ou os estacionamentos são muito caros ou são de tempo limitadíssimo. Estacionar na rua? Oi? De comer ou passar no cabelo? :)

No fim de maio ainda tava indo vestida, mas agora já tá rolando bikini weather

Some-se a isso o fato de ser uma cidade praiana, ou seja: todo o tipo de gente louca e hippie e morando na rua e querendo te vender miçangas. Meu namorado me proibiu de ser educada. Nada de bom dia, nada de responder as pessoas, nada de dar informação. Teimei e me lasquei.

De vez em quando você se depara com céus como esse

O boy estava abastecendo o carro e eu vi uma carteira no chão. Cheguei perto do carro e apontei pra pessoa lá dentro, pra ver se ele não era o dono dela. Daí ele ficou hein? o quê? Como é? Até que por fim ele saiu de dentro do carro, bêbado como uma mula, assim como os outros quatro ocupantes. Fiquei muito puta. E o namorado disse que é um golpe comum: vc abaixa pra pegar a carteira, ele abre a porta na sua cabeça, você cai e ele te rouba. Que delícia é morar na praia. Passei a dar ouvidos ao namorado depois disso.


Vivi por um mês na casa sem internet porque absolutamente tudo nesse País exige um contrato de 12 meses e eu não fico aqui por mais que quatro. Por fim, descobrimos que se a única empresa que provê internet no meu prédio (BT) não for capaz de fornecer a mesma velocidade quando nos mudarmos, eles são obrigados a descontinuar o contrato sem custo. Mas até que a gente descobriu isso foi chão.

Queria esses cavalos fofos pra mim

As casas da Inglaterra são preparadas pro frio, mas definitivamente não são preparadas pro calor. Tá 30 graus na sombra e eu estou suando bicas com minhas duas janelas pequenas abertas sem entrar um sopro de vento. O vento não entra, mas as moscas...  Ah, essas vêm a mil.

Fazer hiking tem me colocado em lugares como esse

Semana passada ativei o alarme de incêndio do apartamento enquanto cozinhava. Meu pé direito tem quase 5 metros de altura, mas a fumaça chegou até lá. Maldito frango e o óleo que espirrou dele no forno, fazendo o diabo da fumaça. Descobri que não tem como desativar à distância e descobri também que isso é mais comum do que se imagina. Corri pra perguntar a uma amiga o que fazer e ela me contou que desativa o dela pra cozinhar porque sempre dispara. Ou seja, esse negócio ainda vai gritar no meu ouvido algumas vezes.

Meus vizinhos têm portais enfeitados como esse

Estou bem ativa por aqui, descobri uma nova paixão chamada hiking. Fazer trilha tem sido algo incrível pra mim nessa fase. Tem um quê de desbravar terras novas, de ver paisagens deslumbrantes, de se sentir poderosa por fazer um caminho difícil e de se sentir independente e segura encontrando o lugar certo. Farei mais posts só sobre isso e com as fotos incríveis que tenho feito.

A que tiver nome mais esquisito é mais interessante

Já tive que usar meu seguro saúde por ter machucado o pescoço e descobri que odeio o NHS, o sistema público de saúde daqui. Mesmo tendo pago o seguro pra usar hospital privado, estou numa área de poucos recursos médicos, o que faz as opções diminuírem. Fui duas vezes ao hospital e nas duas vezes me mandaram tomar paracetamol e voltar pra casa sem um exame sequer. Resultado: paguei uma massoterapeuta e resolvi meu problema.

Um grande dia de felicidade: nós e o aspirador de pó novo

Fui à praia, nadei no mar e tive insolação. Meu namorado e meu sogro surfam, eu tô tomando coragem pra praticar bodyboarding. É que as ondas não são incrivelmente gigantes por aqui, mas são extremamente fortes, te puxam pra dentro do mar. Mesmo nadando eu senti a força da água (e olha que sou acostumada a nadar no mar).

Dica muito importante: compre um aspirador de pó decente e potente. Invista nisso. Vocês não fazem ideia da nojeira que eu tirei desse apartamento quando cheguei.

Mais post aparecerão por aqui. Paciência é a palavra de ordem. :)

28 abril 2017

Dating na Inglaterra


***Atenção: esse post contém um bocado de estereótipos e generalizações

Uma coisa que eu amo sobre Londres é que todo mundo tem chance de se dar bem no amor. A cidade tem uma mistura tão louca, tão miscigenada, que fica difícil não encontrar uma tampa personalizada pra sua panela. Mas isso não significa, necessariamente, que essa tarefa seja fácil.

A boa notícia é que ninguém se importa de tentar. De tentar 200x se preciso for. Outra coisa fantástica sobre Londres: ninguém liga se você conheceu seu namorado na internet. Ninguém liga que você esteja usando o Tinder no metrô. Sabe esse olhar de desprezo-puxa-que-solteirona-buscando-namorado-na-internet que rola aqui no Brasil? Na Inglaterra ninguém dá a mínima.

Inclusive, a Inglaterra levou o dating para um outro nível. O First Dates, por exemplo, junta pessoas que nunca se viram em um jantar romântico num restaurante no centro de Londres. E põe isso no ar. Dá cada merda que nem te conto! Tem o clássico Laura, que seca os pêlos da vagina antes de sair pra um encontro. E ainda tem a pobre da Emma, que reencontrou no programa um cara de quem já tinha levado um toco. Só pérolas.

A Laura e o pobre do date dela (que aflição assistir esse episódio, meldels)

Não satisfeitos, eles resolveram que era melhor colocar umas opções no cardápio. Opções de pessoas, no caso. No Dinner Date, que passa na ITV, um cara escolhe entre 5 menus (de comida agora, vai!). Os três menus escolhidos escondem a identidade de mulheres que vão cozinhar pra ele um jantar romântico na casa delas. Daí eles se conhecem, bebem uma birita, comem e batem papo. No final de cada jantar, o cara dá uma nota de 1 a 3 estrelas e ao fim da comilança nas 3 casas, ele escolhe uma das mulheres para um segundo jantar, dessa vez num restaurante. É isso mesmo. O prêmio para a escolhida é um segundo jantar e, caso não seja escolhida, ganha um menu congelado. Ryzos. Só mesmo na Inglaterra pra um negócio desse fazer sucesso.

Ah, também tem de mulher que escolhe homens. E de gays. Adoro os de viado. Pena que sejam poucos. (Spoiler: já teve brasileiro passando vergonha na gente em rede internacional). Aqui o Buzzfeed listou 19 coisas que sempre rolam no programa e em outro post colocou 33 fatos que você precisa saber sobre Dinner Date. A fama de um programa de TV é proporcional à quantidade de vezes em que ele aparece no Buzzfeed.

Esse amigo aí pode, quem sabe, ter colocado fogo na casa tentando impressionar a mina

Sou viciada, me deixem. De tanto assistir essa bobagem, comecei a analisar a galera e por fim já acerto sempre quem a pessoa vai escolher pro segundo date. As pessoas, elas são muito previsíveis.

Dentre as coisas que eu percebi, a mais gritante é que a galera curte se miscigenar. Britânicos normalmente escolhem uma mina de outra nacionalidade (e o inverso também vale). Eu acredito que tenha a ver com o stiff upper lip dos súditos da rainha. Britânicos não curtem muito falar sobre seus sentimentos e tal (acho que tem a ver com a guerra - esse Keep Calm and Carry On afetou pra sempre os ingleses), então quando tem um estrangeiro que se abre, que fala de suas angústias, medos e vontades, nossa, a coisa flui!

Gente feia também tem vez. É cada casal impossível no Dinner Date que você quase questiona seu grau de miopia. Sabe quando aparece aquele cara e você pensa "sem chance que ele vai se dar bem hoje"? Pois é. Não funciona assim na Inglaterra. Vocês precisam entender: tem uma tampa pra toda panela nessa vida, minha gente! Não só a mina curte o cara, como engata num relacionamento sério com ele. Então, nem preciso dizer que há um monte de casais em que um é MUITO mais bonito que o outro. Rola o tempo todo. No meu caso particular, meu britânico vive dizendo que eu sou a mulher mais bonita que ele conhece. hahahaha coitado. Daí vocês tiram de base.

Na maioria das vezes não acaba assim não haha

Outra coisa engraçada é que as britânicas forçam a barra demais. Não sei explicar o porquê, mas todas elas soam meio falsas. Aquela risada falsa, sabe? Teve até um cara que perguntou por que a mina ria falso assim. Me representou! Mas sério. É muita maquiagem, com muito laquê na cabeça, com muito bronzeamento artificial. Não consigo entender, não precisa disso, elas são lindas. E laranjadas. Desculpa, gente, mas cês são. #stopfaketan

Eu usei Tinder um tempão em Londres (e não foi assim que eu conheci o bofe!) e me divertia muito. Fiz um monte de amigos (juro por Deus!), saí com uns caras bacanas, com outros não tão bacanas assim. Mas valeu muito a experiência antropológica. E também o fato de que ninguém julga porque você está usando um app de date. Como eu disse, ninguém liga. O Tinder de Londres é tão louco que já virou post no Buzzfeed e minhas amigas e eu tínhamos um grupo no Whatsapp só pra jogar print das pérolas que rolavam. 

Enfim, se você sente que nunca vai arrumar um bofe ou uma mina nesse Brasilzão de meudeus, minha dica é: vá para a Inglaterra. Se joga. Seja feliz!

28 março 2017

Causos do metrô londrino


O transporte público de Londres é uma coisa que eu nem sei explicar. Não é só transporte. É cultura. É um resumo da sociedade. É arte. E é onde rolam as coisas mais inexplicáveis, especialmente durante a noite. Dia desses lembrei de alguns episódios. Veja aí e me conta se já viu algo parecido?

Teve uma vez em que uma garota trêbada entrou no metrô e encostou a cabeça num estranho pra dormir. O cara deu uma olhada de rabo de olho, mas não se mexeu. Até chegar à estação dele, é claro. Daí ele pediu licença pra sair, a moça xingou porque ela perdeu o travesseiro e ele disse um verdadeiro "Sorry".


Teve também o causo da garota louca no ônibus noturno. Começa com ela não achando o Oyster Card #classic, pra em seguida xingar o motorista porque afinal de contas "como assim você não pode me deixar passar?". Não satisfeita, ela resolveu tomar as dores do Brexit e começou a xingar geral a galera do busão. Eu me encolhi no cantinho, fingindo que não tava entendendo nada #nohabloingles enquanto os caras do fundão riam sem parar. Claro que ela ficou puta e foi lá dar uns tapas nos caras quando o busão fez uma curva e a mana caiu de cara no chão. Eu respirei fundo e os caras riram ainda mais. Ela se levantou tentando dar uns socos no ar e os caras a seguraram e a colocaram pra fora do ônibus no MAIOR AMOR DO MUNDO. Sério. Eles não a machucaram e a impediram de se machucar ainda mais.


Essa não foi comigo, mas com o meu namorado. No dia em que a gente se conheceu, ele tentou dar um caô pra dormir na minha casa, mas eu o mandei embora às 3 e tal da manhã. Ele entrou no ônibus noturno e obviamente caiu no sono dos anjos bêbados. Acordou com o motorista avisando que tinham chegado no ponto final. Ele, completamente perdido, pediu desculpas e disse que não fazia ideia de como voltar, se o motorista poderia dar alguma dica pra ele. O que o motorista fez? Dirigiu de volta até o lugar onde ele precisava descer.


Essa rolou recentemente na estação de St. Paul's. Um dos caras que controla a plataforma pediu pra todo mundo sair do trem por causa de uma falha mecânica. Acontece que ele ficou preso do lado de dentro. Quer dizer, mais ou menos. O corpo ficou pra dentro, mas a cabeça ficou pra fora. Anram. Isso mesmo. Daí todo mundo da plataforma caiu na risada e ele, num tom irônico à la British humour, mandou "Can everyone stop taking pictures, please?"

Numa bela madrugada voltando pra casa, me joguei no último trem da noite na Central Line e um cara no mesmo vagão começou a vomitar dentro de uma sacolinha de supermercado. Daí a galera meio que ficou tirando onda dele estar passando mal e ele, num ar super sério e sóbrio, disse: "pô, melhor vomitar no saquinho do que no pé de vocês, né não?" É, sim, migo. Valeu!

13 setembro 2016

5 passos para ser um hóspede #daora

Helô, prefeita de Londres, me pagou uma jarra de Pimm's. Aceite (em todas as concepções possíveis)

Em minha última viagem pra Londres tive a incrível honra de ficar hospedada na casa de Martin e Helô (a.k.a. Prefeita de Londres). Quando me despedia deles, um dia antes de ir embora, ela me pediu "por favor" (vulgo #plmdds) pra fazer um post sobre como ser uma hóspede #daora. Obviamente ela teve que se explicar melhor, mas bora aí fazer em tópicos pra facilitar a vida das pessoas? Bora!

1. Go with the flow. Se sua anfitriã te diz pra ficar à vontade, fique à vontade. Ela te deu liberdade pra abrir a geladeira? Pra beliscar uma parada no armário? Pra entrar e sair a hora que quiser, incluindo aí chaves da casa? Mano, use as regalias. Sinta-se em casa. Não fique esperando ela adivinhar que você tá com sede, ou que tá com fome, ou que passou frio na última noite porque o cobertor não foi suficiente. Isso vai fazer com que sua estadia seja super #daora e vai facilitar pra caramba a vida da sua anfitriã. O contrário também vale. Se ela pede pra que você chegue até um determinado horário ou coma também em horários pré-estabelecidos, cumpra ou vá pra um hotel. Resumindo: escute o seu anfitrião.

2. Não abuse. Não é porque nêga te deu as chaves de casa que você vai chegar bêbada no meio da noite fazendo barulho e acordando a casa toda. (A parte até "chegar bêbada no meio da noite" tá tranquilo - chequei antes e depois do evento rs)

Se você abusar, sua anfitriã pode fazer essa cara aí de cima

3. Dê uma mãozinha. Não precisa faxinar a casa, mas não custa nada manter tudo em ordem, não é mesmo? É só você que está usando aquele banheiro e quarto? Sorte a sua. Mantenha a coisa toda organizada mesmo assim, ou pelo menos finja que tentou, vai. Tem nada mais horrível que dar uma passadinha na porta e ver toalha em cima da cama, roupa íntima espalhada pelos cantos, cabelo entupindo a banheira da coleguinha... E a regra "sujou, limpou" vale para tudo nessa vida #ficaadica

4. Aceite. Anfitriã quer te oferecer um jantar / um passeio / um livro / uma Pimm's :D, levante as mãos para o céu, agradeça e aceite (aceite, inclusive, que Deus te curte pacas pra te mandar uma anfitriã tão foda). Não fique nessa coisa chata - não, péra, IN-SU-POR-TÁ-VEL - do "ai, não quero incomodar". Ajude o anfitrião a te ajudar. A pessoa quer te dar amor, aceite. Não tá acostumado a ter amor na vida? Escolha amigos novos.

5. Agrade. A pessoa te convidou pra ficar na casa dela. Ela te recebeu com amor e carinho (e sorvete caseiro de Salted caramel!). Custa trazer um agrado? Custa nada. Pode ser um cartão postal da sua cidade, um chaveirinho fofo, um par de Havaianas (faz um sucesso no exterior, você não faz ideia!) ou o meu favorito: combo de docinhos brasileiros. Quer fazer o coração de um expatriado bater forte? Leve sonho de valsa ou paçoquita. De nada.

*** Dica Extra *** Saiba se virar. As pessoas têm uma vida. E às vezes, elas não podem pará-la pra te levar pra turistar. Peça dicas de como andar por aí e lugares bacanas pra visitar, mas não fique em cima do seu anfitrião esperando que ele te leve pra fazer as coisas. Um cadim de independência faz de você um adulto. 

Com essas dicas, te garanto que sua estadia será de sucesso (para você AND para seu anfitrião) e você ainda corre o risco de ser chamado várias outras vezes para ser mimado enquanto viaja. Não acredita? Veja por você mesmo, tenho provas, dorme com essa etc. Inclusive, aceito ser hóspede mundo afora. Me convida?!

Ênfase no "sua casa em Londres é fixa". De quebra, indico: comprem guia de Londres da Helô

13 maio 2016

Perrengue, porém na França

Vista de Pully. Do outro lado do lago: Évians-les-Bains

Essa semana a Denya, do blog Grazie a te, postou no Snapchat (grazieateblog) a pergunta: qual foi o maior perrengue que você já passou em terras internacionais?

Olha, foi difícil escolher só um porque né? Se eu viajar e não tiver um perrengue, alguma coisa está errada. Eu sempre volto com uma história pra contar. Lá no meu snapchat (já me segue lá? rodriguesmarla) eu falei dum dia que fiquei presa no alto de uma montanha suíça (papo pra outro post!). Hoje, vou contar duma treta que rolou em terras francesas.

Uma das minhas primas mora em Pully (na Suíça), às margens do lago Léman (ou lago Genebra, fique à vontade pra escolher). Se você apertar os olhos, enxerga do outro lado uma cidadezinha chamada Évians-les-Bains (já na França). Enrolada com as provas finais da faculdade, ela me emprestou o carro e falou "contorna aí o lago, vai ser legal".

Visão de quem contorna o Lago Léman

E assim o fiz. Fui quicando em umas cidadezinhas, apreciando a paisagem (e ô país pra ter lugar bonito, afffff tudo parece uma pintura de tão lindo!), até chegar a Évians, já no comecinho da noite. Como eu havia esquecido de trazer euros comigo, procurei um lugar onde eu poderia estacionar e pagar com cartão de crédito. Passou da fronteira, amigo, nêgo quer nem saber dos seus francos-suíços.

Estacionei, dei umas voltas na cidade, comi uma coisinha, bisbilhotei lojinhas... Uma delícia de lugar! Duas horas depois, quando voltei pra pegar o carro, o estacionamento tinha ficado em 1 euro. Beleza. Beleza nada! Porque só dava pra pagar com cartão acima de 2 euros. Ok, vamos esperar. Quanto tempo demora pra ficar 2 euros? Duas horas!!!!! E isso já era 8 e tanto da noite e minha prima me esperando pra pegá-la na faculdade.

Pensa numas ruas estreitas? Aí passam carros indo e vindo!

Saí do estacionamento e encontrei um grupinho de umas 4 pessoas. Expliquei que não tinha euros, se alguém trocaria euros pelos meus francos, ninguém quis. Perguntei se alguém poderia me doar 1 euro: ninguém podia. Rodei, rodei, rodei e ninguém trocava meu dinheiro. Fui em várias lojas, que pelo tardar da hora, já estavam fechando. Ninguém se doeu com o meu desespero de estar presa no estacionamento - mesmo tendo dinheiro!

Eu comentei que todo esse perrengue foi em francês? E que meu francês tá super enferrujado? Pois é. Agora tô aqui pensando se eu tava ACHANDO que tava explicando a situação, mas tava dizendo, sei lá, "oi, posso matar sua mãe essa noite?". Vai saber.

Tudo na Suíça parece uma pintura de tão lindo!

Depois de achar que minha única opção era mesmo ficar esperando outras 2 horas, um senhor dono de um açougue me chamou. "Ô, minha filha, tá precisando trocar dinheiro? Aqui o povo é ruim, não troca nada não". E eu pensei: mas não é possível que esse homi me chamou aqui só pra me dizer o óbvio.

Mas não, ele perguntou quanto eu precisava, abriu de novo o açougue, trocou o dinheiro pra mim e tornou a fechar o comércio. OBRIGADA, SENHOR, PELA GRAÇA ALCANÇADA. AMÉM. E foi assim que, finalmente, consegui pagar o UM EURO de estacionamento, e fui-me embora.

Lago, montanhas, neve no topo... Não dá pra não suspirar!

O perrengue do dia acabou? Claro que não. Quando eu já estava saindo da França, aliviada de ter conseguido recuperar o carro, me param na barreira. A primeira coisa que penso: não trouxe meu passaporte. PUTA-QUE-PARIU-EU-NÃO-TROUXE-A-DROGA-DO-MEU-PASSAPORTE!!!!! E minha prima já tinha me avisado que se eu esquecesse, teria que ficar presa lá até alguém levar pra mim. Comecei a suar frio. Mas usei minha parte atriz, abri o vidro e abri um sorrisão, como se francesa fosse.

"Bonsoir, monsieur! Comment peux-je vous aider?" (Fina, finíssima!!!)
E ele pergunta: A senhora comprou alguma coisa na França?
Eu: Não.
Ele: A senhora tem certeza?
Eu (já me tremendo, porém com a cara de pau que todo brasileiro sabe fazer, mesmo quando está errado na situação): Absoluta. Não comprei nada na França (e não tinha comprado mesmo!).
Ele: A senhora mora na Suíça? (E nessa hora me lembrei que eu não tinha perguntado pra minha prima aonde estava o documento do carro. Suo mais um pouquinho)
Eu: Não, sou brasileira. Minha prima é quem mora em Pully, eu só estou de férias, dando um rolê no lago. (Mãos grudadas no volante pra ele não me ver tremendo)
Ele: Ah, que ótimo. Então aproveite sua estadia! Tenha uma boa volta.

Aquele pôr-do-sol merecidíssimo depois de tanto perrengue!

Olha, NEM EU ACREDITO QUE ISSO ACONTECEU. Ele não me pediu nada. Nenhum documento sequer. Eu podia ter um cadáver no porta-malas. Mas ele. me. mandou. passar. Deus existe. Depois disso, cheguei em Pully e nem preciso dizer o tamanho da bronca que levei da prima por estar sem euros e sem passaporte. Mas sobrevivi pra contar MAIS essa história.

Aqui no blog eu já contei outros perrengues também. Um deles foi chegando em Angra dos Reis, outro foi o carinha que bateu no meu carro em Angra e o último (desta viagem) foi voltando pra capital do Rio de Janeiro. Na real essa viagem toda pro Rio foi meio bizarra. E corre lá pra ver também o post da Denya com os relatos dos snapchatters. Tá bem engraçado.

E você? Tem um perrengue de viagem pra contar? Aproveite aí o espaço dos comentários, bora ver se você me humilha no quesito "perrengue quem passou fui eu!" hahaha

04 maio 2016

Conexão Paralela: episódio do Tinder sob um olhar feminista

Sou uma grande defensora do Ferminismo, mas por alguma razão desconhecida eu gasto meu latim sobre isso muito mais no Facebook do que no meu blog. Vai entender.

Participei recentemente do canal Conexão Feminista (chique demais!) conversando um pouco sobre o Tinder e especificamente sobre um episódio que mostra como o machismo tá tão impregnado na nossa cultura, que a galera nem se dá ao trabalho de analisar a situação. Inclusive, ta aí um assunto que vale vários posts: Tinder. É cada uma que me aparece...

Mas até lá, fiquem com o vídeo mesmo. É curtinho, divertido, e ninguém usa a denominação #feminazi. Eu juro.


01 maio 2016

Deixa as puta*!

Foto de Paul Keller (Flickr)

 *A concordância é essa mesma, pois: goianês. Aceita que dói menos.

Como cês devem saber, sou menina criada em Goiânia, esse lugar que pode ser machista pra caralho, então passei uma vida ouvindo a galera falando mal das puta. Eu mesma fui uma delas e ainda hoje tento trocar o palavrão "filho da puta", pois já sabemos que nem tudo é culpa da mulher, minha gente. O cara é um escroto, mas sua mãe pode não ser, daí nada a ver xingar alguém de filho da puta, haja vista que se está xingando a pobre mãe e não o cara.

Calma, voltei. Foco.

As puta.

Acho normal o trabalho das puta. Um trabalho como outro qualquer. Elas oferecem um serviço, os caras pagam e pronto. Uma modalidade de negócio foi concluída.


Foto de Blemished Paradise (Flickr)

Se você pode usar os serviços de uma massagista, de uma manicure, de uma depiladora etc etc etc, por que outras pessoas não podem usar os serviços da puta? Só porque tem sexo no meio? Mas eu não entendo esses problemas que cês têm com sexo. "Ai, que degradante". Ai, filha. Ninguém tá pedindo pra você se prostituir. Degradante é trabalho escravo. E tenho certeza que você tem muito mais compaixão por esse povo (cutuquei sua lógica?). "Ah, mas pelo menos eles estão fazendo um trabalho honesto". Pra mim, desonesto é roubar e matar. Ou fazer algo em que não estejam todas as partes envolvidas de acordo. Exemplo: estupro. Tá me acompanhando?

Alguém falou que é porque as puta são responsáveis por destruir casamentos da família tradicional brasileira. Sério. Sério mesmo. Acho MUITO engraçado que as minas nem por um instante pensem que a culpa é do cara, que foi lá trair a mulher, pagando por sexo (ou não pagando, enfim). As minas tão sempre culpando outras minas. A culpa nunca é dos caras. Que fantástica essa linha de raciocínio (#sqn).

Foto de Devon Buchanan (Flickr)

Dia desses falei "tenho nada contra as puta, inclusive seria uma, sem problemas, se me sobrasse apenas essa opção". Fez-se o silêncio sepulcral, como se eu tivesse dito que mataria alguém se necessário fosse. Gente. É só um serviço.

Poderia aqui me alongar e falar sobre a falta de legislação pras puta, mas vivemos num país onde não se pode nem abortar quando se é estuprada. Então, né? Vou parar por aqui mesmo.

Deixa as puta trabalhar. Deixa as puta.
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