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15 março 2017

Eu li: A garota no trem

A garota no trem, de Paula Hawkins (foto sem créditos disponíveis)

O romance de Paula Hawkins é triste. Um suspense com personagens psicologicamente bem marcadas, com histórias que poderiam ser reais e que me deixaram bem deprê. Primeiro, eu achei que fosse pela história em si, que inclui o desaparecimento de uma mulher, mas depois eu saquei que era pelo background. É pela história que não é explícita.

O livro retrata três mulheres que vivem nos arredores de Londres e cujas vidas se cruzam por razões diferentes. Rachel é uma alcóolatra digna de pena, raiva, decepção, nojo. Anna é a dona de casa mimada, cuja filha "estraga" sua vida. Megan é a loira escultural que desaparece numa noite de sábado. Todos esses estereótipos, no entanto, esfregam na sua cara como a sociedade pode ser cruel com as mulheres. E isso não fica explícito no livro, afinal, esse não é o ponto principal da história. Mas está ali, pra quem lê nas entrelinhas.

O suspense é bem amarrado, fazendo você se questionar sobre absolutamente todas as personagens e como elas poderiam ser responsáveis pelo desaparecimento de Megan, afinal, todo mundo tem "uma razão" para querer que ela suma do mapa. Pra mim foi difícil digerir a história principal porque o alcoolismo de Rachel me parece um assunto que precisa ser discutido mais do que qualquer outra coisa. Por que essa mulher bebe tanto? Por que ela não consegue se recuperar? Por que ela é tão desacreditada? Misoginia é a resposta para todas as questões. A fase final do livro é reveladora quanto à forma como a misoginia pode arruinar a vida de uma mulher. E não estou falando apenas de Rachel.

É difícil acreditar que Emily Blunt é uma mulher feia, hein, minha gente?

Como todo best-seller que se preze, o livro virou filme, com o título A garota no trem, lançado em 2016. Minha primeira decepção foi ver que eles fizeram a adaptação em Nova Iorque e não em Londres. Fuéééénnnn. Achei a Rachel do filme bonita demais pra ser a Rachel que imaginei no livro (entra aqui um parênteses porque o livro é narrado pelas personagens principais a partir de seu ponto de vista, então a descrição é incrivelmente subjetiva). Achei também que não retrataram a Anna direito, ela é um personagem muito abandonado no filme e no livro ela tem um papel fundamental na virada da história. Megan também foi reduzida a uma única característica psicológica, sendo que ela é muito mais densa. Ou seja, como toda adaptação, cortes muito bruscos foram feitos.

Acho que dá pra sobreviver lindamente nesta vida tendo lido o livro e não assistindo ao filme. Mas se você estiver muito curioso, vai aí o trailer pra você me dizer o que achou.

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