Já tinha feito meu post-protesto de hoje, mas daí li um texto da encantadora Eliane Brum que me fez lembrar uma coisa. As pessoas costumam me olhar com uma cara bem estranha quando conto histórias do velório da minha avó (acho que foi o único velório que eu fui na vida depois que podia decidir por isso).
Minha avó era uma senhorinha bem bonachona e que gostava de ir ao velório de tudo quanto é gente. Até de gente desconhecida. De acordo com ela, ir a velórios era garantia de que muitas pessoas a visitariam em sua última "festa". E assim foi. Quando morreu a dona Jesuína, o velório ficou abarrotado de parentes que eu mesma nunca nem tinha ouvido falar. Conversa pra todo lado, pessoas contando histórias hilárias sobre ela e aquele banquete típico de velório que eu, particularmente, acho meio despropositado. É um tal de trança bandeja daqui, passa o refrigerante por cima do morto que deus nos acuda!
Acho que naquele momento de dor, eu era a única pessoa da família mentalmente sã e muita gente viu isso como uma forma de desprezo pela morte da minha avó, mãe de minha mãe. Primeiro porque achei um absurdo que quisessem comparar a importância da minha vó a um caixão mais luxuoso e que custava os olhos da cara. "Ora essa, debaixo do chão isso não vai fazer a menor diferença", retruquei. E o povo me arregala aquele olho como quem está falando uma coisa terrível.
Enfim, o fato é que eu lido muito bem com esse negócio de morrer. É claro que eu não gosto de perder pessoas que amo e tal, mas tenho certeza de que muitas delas vão pra um lugar muito mais legal do que esse que habito hoje. Além do mais, depois que passei uns 3 dias praticamente morando dentro de um cemitério pra rodar o nosso filme, a morte é algo que não me abala muito. E isso causa grande estranhamento nos demais.
Tuuudo isso é só pra postar aqui um trecho e o link pro texto da Eliane Brum, que pensa exatamente igual a mim. Quando você encara a morte, por exemplo comprando seu túmulo (eu tenho minha gaveta lá no Cemitério Santana!), esse assunto passa a ser banal, como os outros.
"Alguns acham que sou mórbida. Estão enganados. Encarar a morte com naturalidade é o mais longe da morbidez que se pode estar. Só espero ter sabedoria para viver minha vida com intensidade até o último suspiro. E sabedoria para morrer, sem tentar espichar a vida nem abreviá-la. Não gostaria de morrer de repente, como tantos desejam. A curiosidade sempre moveu meus passos. Quando a morte chegar, não quero perder a única chance de olhar no seu olho. Quero saber o que é morrer. Quero me lambuzar de morte como me lambuzei de vida. Quero viver. Até o fim."
Pra ler o texto inteiro, que vale muuuuito a pena, clique no link abaixo:
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI102284-15230,00.html
Minha avó era uma senhorinha bem bonachona e que gostava de ir ao velório de tudo quanto é gente. Até de gente desconhecida. De acordo com ela, ir a velórios era garantia de que muitas pessoas a visitariam em sua última "festa". E assim foi. Quando morreu a dona Jesuína, o velório ficou abarrotado de parentes que eu mesma nunca nem tinha ouvido falar. Conversa pra todo lado, pessoas contando histórias hilárias sobre ela e aquele banquete típico de velório que eu, particularmente, acho meio despropositado. É um tal de trança bandeja daqui, passa o refrigerante por cima do morto que deus nos acuda!
Acho que naquele momento de dor, eu era a única pessoa da família mentalmente sã e muita gente viu isso como uma forma de desprezo pela morte da minha avó, mãe de minha mãe. Primeiro porque achei um absurdo que quisessem comparar a importância da minha vó a um caixão mais luxuoso e que custava os olhos da cara. "Ora essa, debaixo do chão isso não vai fazer a menor diferença", retruquei. E o povo me arregala aquele olho como quem está falando uma coisa terrível.
Enfim, o fato é que eu lido muito bem com esse negócio de morrer. É claro que eu não gosto de perder pessoas que amo e tal, mas tenho certeza de que muitas delas vão pra um lugar muito mais legal do que esse que habito hoje. Além do mais, depois que passei uns 3 dias praticamente morando dentro de um cemitério pra rodar o nosso filme, a morte é algo que não me abala muito. E isso causa grande estranhamento nos demais.
Tuuudo isso é só pra postar aqui um trecho e o link pro texto da Eliane Brum, que pensa exatamente igual a mim. Quando você encara a morte, por exemplo comprando seu túmulo (eu tenho minha gaveta lá no Cemitério Santana!), esse assunto passa a ser banal, como os outros.
"Alguns acham que sou mórbida. Estão enganados. Encarar a morte com naturalidade é o mais longe da morbidez que se pode estar. Só espero ter sabedoria para viver minha vida com intensidade até o último suspiro. E sabedoria para morrer, sem tentar espichar a vida nem abreviá-la. Não gostaria de morrer de repente, como tantos desejam. A curiosidade sempre moveu meus passos. Quando a morte chegar, não quero perder a única chance de olhar no seu olho. Quero saber o que é morrer. Quero me lambuzar de morte como me lambuzei de vida. Quero viver. Até o fim."
Pra ler o texto inteiro, que vale muuuuito a pena, clique no link abaixo:
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