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21 junho 2017

Eu li: Garota exemplar


Ah, os livros de terror psicológico... como não amá-los?

O best-seller de Gillian Flynn é um desses que transcendem a narrativa clássica, usando o olhar das personagens principais para contar a mesma história. O pulo do gato é perceber como uma mesma história pode ter versões tão diferentes. Acontece assim na vida real, acontece assim no livro de Flynn.

A história baseia-se no desaparecimento de Amy Dunne em condições que indicam violência. O principal suspeito, claro, é seu marido, Nick Dunne. Será que foi ele? Outra pessoa? Quem mais poderia querer machucar a linda e inteligente Amy? Difícil saber.

A narrativa fica por conta de Nick, nos dias atuais, a partir do dia em que Amy sumiu, e de Amy, tanto no passado, por meio de seu diário, quanto do presente. É legal isso aí, mas ó, pra mim que não consigo me ater às datas, sempre fico um pouco perdida no comecinho. Depois consigo entender bem se o fato é do passado ou do presente, então não acho que seja um problema.



Quanto à construção psicológica das personagens, não posso reclamar. O livro te faz trocar de opinião, igual a quem troca de roupa. Numa hora você quer abraçar a pobre Amy, depois quer mais que ela se jogue do penhasco, em seguida fica amiga de Nick e deseja sua morte. Tudo assim, tudo ao mesmo tempo agora.

O maior elogio ao livro é que ele não deixa a peteca cair. É bom e instigante do começo ao fim, coisa que não tenho encontrado em muitas histórias. Acho que a maior decepção dos últimos tempos foi Quarto. É preciso abrir um paralelo entre Garota exemplar e A garota no trem: a narrativa segue o mesmo padrão. Pesquisei e vi que o livro de Flynn é três anos mais velho, então darei a Paula Hawkins o título de copiona do ano.

A história de Amy e Nick não termina no final. O que é engraçado é que você fica torcendo pra chegar no final e esperar uma justiça divina, um fechamento pra essa doideira de livro. Não acontece. O que acontece me deixou indignada. Terminei de ler e fiquei pasma, procurando folha depois da contra-capa. O mundo está todo errado - e aparentemente não há solução. Fiquei remoendo o livro por dias. Isso quer dizer que o livro é bem bom!



O filme

Tem Ben Affleck. Não dá pra levar a sério. Fim.

Tá, vou tentar dar uma desculpa mais convincente. Como todo best-seller que se preze, a história foi parar em filme, que tem Ben Affleck no papel de Nick Dunne, ou seja, não dá pra ter pena dele, só raiva mesmo. O tempo todo. Ô, atorzinho pra não me causar simpatia.

Como todo livro especial, colocá-lo em película cinematográfica não facilita a tarefa do roteirista / diretor. O filme fica devendo - e muito! - no detalhamento psicológico de cada um deles, especialmente Amy. Pra fazer a parte final do livro ter sentido, você precisa ter entendido muito bem o papel dos coadjuvantes, algo que mal é falado durante o filme. Ficou corrido, ficou meio sem explicação. Mas se você quiser ver por si, fica aí o trailer:


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