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27 junho 2009

Meu ouvido não é penico




Eu quero muito descobrir quem foi que inventou o alto-falante para celular. Queria muito comunicar a esta digníssima pessoa que o resto da humanidade não sabe utilizá-lo de maneira satisfatória. Explico-me.

Não sei quantos dos meus amigos ainda são obrigados a utilizar o transporte coletivo da cidade de Goiânia, mas tenho certeza de que quem "pega o busão" vai entender rapidinho sobre o que estou falando.

O problema acontece quando um companheiro de busão resolve comprar um celular que toca MP3. Maldita democratização da tecnologia, com R$ 240 é possível comprar um desses modelos, mas até aí tudo bem. O caso resulta em úlcera aguda quando ele gasta R$ 240 num celular mas não gasta R$ 20 num fone de ouvido. Ou melhor, ele deve até ter um fone de ouvido guardado láááááá no fundo da gaveta, pois o que interessa pra ele é mostrar para o resto do ônibus que ele pode comprar um celular que toca MP3. Maldita democratização da tecnologia.






É impossível chegar mentalmente sã até minha casa. No caminho, sou obrigada a ouvir de tudo: funk, pop, sertanejo, axé, audiozinhos "engraçadinhos" que variam com a cara do cidadão e até sermão de pastor evangélico. Sim, acreditem, eu já ouvi o sermão de um pastor evangélico por MP3. Só assim mesmo para me obrigarem a ouvir um.

E mesmo com os meus muxoxos, suspiradas e "ai, que gente mal educada, gasta R$ 240 num celular mas não tem R$ 20 pra dar num fone de ouvido!", os cidadãos que acham que estão arrasando na trilha sonora continuam impassíveis, com aquela cara de "puxa, estou fazendo a alegria da galera!".

O pior mesmo é quando tem dois ou mais caras "massa" que começam a competir pra ver quem tem o celular com o alto-falante mais potente. Santo Deus!!!!






Gente, se vocês conhecem alguém que têm um desses modelinhos sacanas de celular (difícil alguém não ter...), por favor, tentem ensiná-los a ter um pinguinho de educação, meu ouvido não é penico!! E eu tenho o direito de passar a minha viagem no coletivo lendo um bom livro, como gosto de fazer, deixem meu ouvido em paz!!!!

25 junho 2009

Ainda sobre o assistencialismo

Aproveitando o assunto do último post, embarco de novo no debate sobre as políticas públicas assistencialistas do Lula. Hoje encontrei um artigo muito bacana na Folha de S. Paulo - o que, por acaso, comprova que essa conversa do STF de falta de liberdade de expressão é uma balela, já que o cara não é jornalista mas conseguiu o espaço - sobre "A invenção dos programas sociais".

Apesar de grande, vale a pena ler. O autor é JOSÉ ANÍBAL PERES DE PONTES, 61, economista e deputado federal pelo PSDB-SP, líder de seu partido na Câmara dos Deputados. Foi presidente nacional do PSDB de 2001 a 2003. O link está disponível só para assinates aqui. E os grifos são todos meus, é claro.

"A MELHOR chance que se pode dar a quem vive abaixo da linha da pobreza não é a solução óbvia de distribuir dinheiro -que alivia, mas ensina pouco-, mas distribuir oportunidades. Distribuir dinheiro tira momentaneamente da pobreza, mas só a distribuição de oportunidades permite o passo redentor que permite a ascensão social e, ao mesmo tempo, confere dignidade. Alguém cunhou uma expressão feliz -não se dá o peixe, ensina-se a pescar.

Distribuir dinheiro para um homem que é são, já dizia o poeta nordestino Luiz Gonzaga, o rei do baião, ou o mata de vergonha, ou vicia o cidadão. Distribuir dinheiro sem contrapartida é condicionar o homem à eternização do assistencialismo que não o promove -ao revés, o condiciona à dependência. Distribuir oportunidades fortalece o homem, ajuda-o a enxergar-se cidadão.

Distribuir dinheiro é lesar a criatividade do pobre, menosprezar sua capacidade empreendedora, desconfiar das suas potencialidades de realizar.

O saber local existe e é capaz de gerar revoluções, ensinou-nos a antropóloga Ruth Cardoso. O seu jeito de olhar a pobreza sem associar a miséria à mera e efêmera carência material vinha de quem via, nos pobres, potencialidades inatas capazes de conferir-lhes independência, dignidade e liberdade -bastava uma mãozinha para criar oportunidades redentoras.

Foi assim, acreditando que a melhor solução para redimir a miséria era a distribuição de oportunidades, não de dinheiro, que Dona Ruth construiu seu pensamento singular, que revisou os fundamentos antropológicos no Brasil contemporâneo.

Ela consolidou esse pensamento na década de 1970, quando o saber antropológico no Brasil não concebia fórmulas eficazes para promover os segmentos sociais que viviam abaixo da linha da pobreza.

Quando chegou ao poder, acompanhando o marido, ela já carregava a certeza científica de que a melhor forma de escapar à miséria era propiciar a apreensão de conhecimento. O dinheiro dado aprisiona; o conhecimento, sim, liberta e aponta caminhos para a ascensão social, definiu dona Ruth muito antes de que se consolidassem formas de ampliar a justiça social e reduzir as diferenças de classe no Brasil.

Em maio de 2007, num seminário organizado pelo PSDB em Brasília, ela disse: "Temos prazos e metas, e é assim que vamos combater a pobreza, não é distribuindo recursos e esperando para ver o que acontece, porque isso se faz há muitos séculos, não tem novidade nenhuma". E arrematou:


"Desde a Idade Média, esse sistema de assistir e doar existe, e a pobreza está crescendo. Então, não há mais o que discutir, por aí não vamos".

Foi essa ideia revolucionária que orientou o surgimento da rede de proteção social no governo Fernando Henrique Cardoso. Pela primeira vez na história, face ao largo contencioso social herdado da escravidão, um governo brasileiro se mostrou incomodado com os que viviam abaixo da linha da pobreza.

Sob a inspiração de dona Ruth, o governo repudiou a fórmula assistencialista e optou pela distribuição de oportunidades que permitiriam às pessoas ascender socialmente mediante o desabrochar de suas próprias potencialidades.

Foi dona Ruth quem consolidou a ideia da contrapartida, para comprometer o homem com sua própria evolução social.

Esse legado revolucionário sofreria, adiante, desvios reprováveis. Retrocedemos à noção primária de que o fundamental era dar dinheiro. Regredimos à forma mais torpe de escravidão, aquela que bloqueia a evolução do homem e o condiciona ao voto, tornando-o vítima de um vergonhoso processo de dominação que compromete o seu arbítrio de cidadão.

Foi dona Ruth quem convocou empresários ao Palácio do Planalto pela primeira vez para discutir um tema até então obscuro e incompreensível -a responsabilidade social.

Ela usou a força do governo para propagar a consciência de que as grandes empresas deveriam se corresponsabilizar pela melhoria do cenário social. Criava-se ali um novo olhar sobre a tragédia da pobreza e a dívida social da sociedade brasileira.

Ela reinventou a solidariedade.

Sem Ruth Cardoso há um ano, as ideias empobreceram, e o Brasil empobreceu junto. Seus movimentos criativos e generosos, no entanto, não são elos perdidos do passado: ao contrário, representam uma ideia vigorosa a demarcar caminhos para quitar a imensa dívida social que o Brasil tem com as populações que vivem abaixo da linha da pobreza.

O Brasil merece, dona Ruth merece que não viciemos os cidadãos na humilhação da dependência, mas ofereçamos a eles a grandiosa opção do encontro com a cidadania.
"

24 junho 2009

A farsa do ProUni

Como ficou prometido no último post, a conversa de hoje é sobre o ProUni (Programa Universidade para Todos), do Governo Federal, que oferece bolsas de estudos em universidades particulares brasileiras. As bolsas podem ser parciais (25%, 50%) ou integrais (100%) e o critério para concessão do benefício está ligado à nota obtida no último exame do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e à renda familiar do candidato ao desconto da mensalidade.

Primeiramente deixo claro que não concordo com as políticas públicas assistencialistas do Lula. Acho que ele só dá o peixe ao invés de ensinar a pescar - em quase todas elas. E com o ProUni é a mesma coisa. Se o governo utilizasse o dinheiro dos impostos não arrecadados das universidades privadas (é assim que os estudantes conseguem as bolsas) para investir no ensino público fundamental, muitas políticas públicas seriam desnecessárias ou, pelo menos, melhor aproveitadas.

De que adianta jogar um jovem completamente despreparado dentro de uma universidade? Jovens que saem do Ensino Médio de escolas públicas com sérias dificuldades em compreender textos simples farão o quê quando se depararem com textos de Foucault ou Habermas? Nada, meus amigos. Não farão nada.



Mas vão poder dizer: e daí, tenho um diploma! E que valor esse diploma vai ter para o mercado de trabalho? Se a competição já está acirrada dentre aqueles mais preparados, imagine como será quando esse carinha ex-escola pública for jogado na cova dos leões? Como alguns já sabem, trabalho na área de Vestibular de um Portal de educação e o que mais me deixa possessa de ódio é quando recebo um zilhão de e-mails de alunos de Ensino Médio de escolas públicas querendo saber como podem obter a bolsa do ProUni, como se daquilo dependesse a sua vida. Como alguns outros também sabem, eu prezo - e muito - pelas universidades públicas e creio que, salvo raras exceções, são as melhores instituições de Ensino Superior.

Pois bem, no site eu sempre tento fazer com que os alunos percebam a importância de concorrer de fato a uma vaga na universidade pública, mesmo que seu Ensino Médio tenha ficado a desejar. Pobreza não é desculpa, pois há uma lista de cursinhos populares que oferecem cursos pré-vestibulares gratuitamente ou a preços simbólicos. Dicas de estudo, como apreender o conteúdo, disponibilidade de fazer o download de provas de vestibulares anteriores, banco de redações... Tudo isso para tentar preparar esses alunos para o monstro que é o vestibular.

Mas não, nenhum deles quer estudar. Nenhum deles quer se esforçar; uns porque trabalham o dia todo, outros porque acham que não vale a pena e ainda outros que não acreditam em suas capacidades intelectuais. O que querem é o caminho mais fácil: a bolsa do ProUni.E alguns agora devem estar pensando o quanto o meu discurso parece com o de uma pequena burguesa que estudou toda sua vida em colégios bam-bam-bam de Goiânia. Pois digo a vocês que não. Só para constar estudei em colégios que a maioria de vocês nunca sequer ouviu o nome e que cobravam mensalidades também simbólicas perto dos R$ 500 que alguns pagam por aí. Cito:


* Escola Professora Modestina (1ª a 4ª série)
* Instituto Educacional Emmanuel (5ª a 8ª série)
* Centro Federal de Educação Tecnológica - CEFET (1º ano)
* Colégio Pardal (2° e 3° ano)

Pois é. E me formei em Jornalismo pela Universidade Federal de Goiás e pela Universidade de Coimbra, em Portugal, onde jamais imaginei que poria os pés. Tudo isso porque acreditei em mim, acreditei que teria uma boa chance se estudasse mais, se me sacrificasse mais. Ainda não colhi louros, mas sei que estou no caminho certo.

E o resto do pessoal? Os colegas do ensino público? Por que é tão difícil que eles creiam em si mesmos? Por que são tão acomodados? Por que o Lula acha que isso é bom para os brasileiros? E mais, qual vai ser o político que vai ter peito de acabar com o ProUni? OU melhor, quem é que vai ter peito de investir no ensino básico de qualidade para ver o resultado só daqui a 20 anos para que o político da época receba as glórias?

Alguém tem resposta para ao menos uma das minhas perguntas??

22 junho 2009

Ninguém gosta da escola

Olá pessoal!

Li uma matéria publicada na Folha de São Paulo no último dia 17 e gostaria de compartilhar com vocês as partes mais importantes. A íntegra pode ser vista aqui.

"Os professores brasileiros são os que mais desperdiçam com outras atividades o tempo que deveria ser dedicado ao ensino. No período em que deveriam estar dando aula, eles cumprem tarefas administrativas (como lista de chamada e reuniões) ou tentam manter a disciplina em sala de aula (em consequência do mau comportamento dos alunos).

A conclusão é de um dos mais detalhados estudos comparativos sobre as condições de trabalho de professores de 5ª a 8ª séries de 23 países, divulgado ontem (16) pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). A pesquisa foi feita em 2007 e 2008.

(...) O relatório da OCDE mostra que a maioria (71%, maior percentual registrado) dos professores brasileiros começou a dar aulas sem ter passado por um processo de adaptação ou monitoria. A média dos países nesse quesito é de 25%.

(...) As informações foram colhidas em questionários respondidos por diretores e professores de escolas (públicas e privadas) selecionadas por amostra. No Brasil, 5.687 professores responderam ao questionário, aplicado em 2007 e 2008.

(...) Eles [professores] também têm menos experiência em sala de aula do que a média --só 19% dão aula há mais de 20 anos; a média de todas as nações comparadas é 36%. Estão abaixo da média (89,6%) ainda no nível de satisfação com o trabalho: 84,7%, o quarto menor índice."

Visão do professor sobre os alunos

Meu amigo Rainer Gonçalves (veja o blog dele aqui) fez um comentário bastante pertinente sobre o analfabetismo, ou  melhor, o analfabetismo funcional, no país e também vale a pena copiar para cá. A discussão completa do Fórum pode ser vista aqui.

"Quando estive lecionando [Rainer é historiador] em escolas públicas de Ensino Fundamental, percebia que a falta de interesse de estudos por uma grande parcela de estudantes que apenas reproduziam o total desinteresse dos pais pelo saber.
Eles sobreviviam sem isso, então para que vou levar escola e professor à sério?!


Hoje, lecionando no Ensino Médio da rede privada, esse mesmo desinteresse se manifesta em alunos que não se empenham porque sabem que "papai" vai pagar uma faculdade particular qualquer para eles.
Assim eles fingem que estudam, as universidades fingem que selecionam e mais um caminhão de diplomados se espalha por aí.


Acho que enquanto não tivermos uma geração de pais que ascenderam por conta dos estudos, ainda presenciaremos esse quadro de natureza bizzara!"

Então...

Creio que temos um problema sério por aqui. Os professores não estão satisfeitos com o trabalho que exercem, os alunos não gostam e não dão valor aos professores nem à escola, que dirá ao conhecimento. E são esses mesmos alunos que vão se formar e continuar pensando "escola pra quê?". Isso porque o diploma universitário está se tornando algo banal, comercial. Qualquer um pode ter diploma de graduação hoje em dia, por isso é tão importante continuar estudando.

Agora pensem comigo: quantas pessoas, quantos amigos vocês conhecem que têm diploma e não trabalham na área que escolheram como profissão? Eu conheço vários. E se essas pessoas não ascenderem exercendo essa tal profissão, vão pensar: esse meu diploma não serve para nada. E aí voltaremos ao mesmo problema do século passado - a desvalorização do estudo por parte dos pais. Sem incentivo a criança não vê utilidade no seu esforço para entender a matemática ou o português - primeiro desafio da vida escolar.

Como se diz por aí, e agora, José?

Acho que nessa discussão vale ainda falar sobre o ProUni, mas isso vai ficar para um outro post. Até lá!

18 junho 2009

STF decide: JORNALISTA = NADA




Um absurdo o STF (Supremo Tribunal Federal) ter decidido ontem (17/06) por oito votos a um (!!!!) o fim da exigência do diploma para o exercício da profissão de Jornalismo. Só o ministro Marco Aurélio Mello votou pela obrigatoriedade da graduação.

Acompanhei todo o processo de luta da FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas) e dos sindicatos nos últimos tempos e confesso que fico revoltada quando vejo colegas de profissão que concordam com o recurso interposto pelo Sertesp (Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo). Sim, foram eles, os patrões dos jornalistas, que começaram com essa palhaçada. Será que é por que eles querem jogar no lixo toda a luta dos sindicatos em nos fazer respeitar? Ou por que eles querem colocar seus "peixes" dentro das redações sem dar melhores explicações a ninguém?

Observem a justificativa do voto do relator do caso e presidente do STF, Gilmar Mendes:

"Quando uma noticia não é verídica ela não será evitada pela exigência de que os jornalistas frequentem um curso de formação. É diferente de um motorista que coloca em risco a coletividade. A profissão de jornalista não oferece perigo de dano à coletividade tais como medicina, engenharia, advocacia nesse sentido por não implicar tais riscos não poderia exigir um diploma para exercer a profissão. Não há razão para se acreditar que a exigência do diploma seja a forma mais adequada para evitar o exercício abusivo da profissão". [grifos meus]

Não oferece dano? E vocês acreditam que médicos, engenheiros e juízes que acessam informação de má qualidade podem ser bons profissionais?






Vejam um trecho da fala do advogado da Fenaj em defesa do diploma - e com o que eu concordo totalmente:

"A exigência do diploma não impede ninguém de escrever em jornal. Não é exigido diploma para escrever em jornal, mas para exercer em período integral a profissão de jornalista. O jornalismo já foi chamado de quarto Poder da República. Será que não é necessário o conhecimento específico para ter poder desta envergadura? Um artigo escrito por um inepto poderá ter um efeito devastador e transformar leitores em vítimas da má informação". [grifos meus]

Mais uma vez defendo a importância da informação de qualidade na construção do perfil da sociedade brasileira. Se já é difícil com profissionais formados, imagina quando os autores das reportagens não tiverem estudado ética, sociologia, política e técnicas jornalísticas...

Só para constar, sou jornalista formada pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e pela Universidade de Coimbra (UC), de Portugal. E continuo defendendo com unhas e dentes a exigência do diploma para exercício da profissão. E quando for editora-chefe, só contratarei profissionais formados e de qualidade, como já faço com meus estagiários (sem a parte do "formados", é claro).

17 junho 2009

Frustrante profissão


O poder da informação

Olá a todos!!
Sejam bem-vindos ao meu blog!

Há muito tenho vontade de manter um espaço onde possa escrever tudo aquilo que me der na telha. O "Segundo Marla Rodrigues" nasce sem nenhuma pretensão, demagogia ou hipocrisia (será que dizer isso já não seria hipócrita?).

Este será um sítio onde falarei de tudo um pouco, sem limitações e sem compromissos com o politicamente correto. Quem convive comigo sabe que falo palavrão sem perceber (né, Lana?) até mesmo escrevendo e que ter papas na língua não é uma das minhas maiores virtudes. Se você me pedir uma opinião, prepare-se para ouvir a verdade, mesma que ela doa - em você.

Deixando de lado as apresentações, surjo com um ponto para que vocês me ajudem a pensar. Para isso, introduzo o assunto com uma historinha.

Quando decidi dedicar minha vida ao Jornalismo, o fiz pensando na responsabilidade que tenho enquanto cidadã. Eu não sou politicamente correta, mas às vezes tenho uns rompantes... rsrsrs Ao conviver com pessoas de todas as classes sociais pude perceber que a grande diferença entre um representante da classe A e outro da classe E é o conhecimento e à forma de se chegar até ele.

Não quero aqui fazer uma discussão baseada nos índices de ensino público e tal. O buraco é mais embaixo. Quando digo conhecimento estou falando da capacidade do ser humano de conseguir selecionar o que é importante para seu crescimento enquanto pessoa. Por exemplo, eu consegui perceber que fazer uma faculdade era extremamente importante para que pudesse conquistar respeito e dinheiro. Conheci pessoas que achavam que terminar o 2° grau era mais que suficiente, pois nunca "subiriam na vida". Essa visão conformista do mundo me incomoda. Quero fazer as pessoas pensarem.Veja bem, depois de morar algum tempo em Portugal - e olha que lá é a escória da Europa - pude perceber que para todos era uma "necessidade" estudar; querer aprender é algo que se é ensinado desde o berço. E isso faz toda a diferença na construção do perfil de um país. Durante muito tempo fiquei imaginando se acontecesse o mesmo aqui no Brasil.

Tenho muitas teorias a respeito do porquê a política brasileira nunca ter investido em educação básica e hábito da leitura, mas não vou expô-las agora. Pulando algumas etapas, raciocinem comigo: se todos os brasileiros, do povão à elite, lessem jornais de qualidade todos os dias o nosso país seria o que é hoje? Será que teríamos no Congresso aqueles mesmos políticos que "nos representam"? Será que acreditaríamos em tudo o que nos dizem? Será que aceitaríamos a burocracia que nos é imposta? Será, será, será?



Eu quero acreditar que seria diferente. E eu quero ajudar a fazer a diferença. Mas tudo começa a complicar quando algum empregador da área de comunicação me pergunta sobre minhas pretensões como jornalista. Esse meu ponto de vista não parece ser muito querido pela grande mídia, me parece que não é lucrativo informar a população. E aí me frustro e tento me convencer de que tenho que falar aquilo que eles querem ouvir, mas custa-me pensar, que dirá falar...

Bom, por enquanto é isso...

E vocês? Acreditam que esse país teria jeito se a informação de qualidade batesse à porta das pessoas?

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