Olá pessoal!
Li uma matéria publicada na Folha de São Paulo no último dia 17 e gostaria de compartilhar com vocês as partes mais importantes. A íntegra pode ser vista aqui.
"Os professores brasileiros são os que mais desperdiçam com outras atividades o tempo que deveria ser dedicado ao ensino. No período em que deveriam estar dando aula, eles cumprem tarefas administrativas (como lista de chamada e reuniões) ou tentam manter a disciplina em sala de aula (em consequência do mau comportamento dos alunos).
A conclusão é de um dos mais detalhados estudos comparativos sobre as condições de trabalho de professores de 5ª a 8ª séries de 23 países, divulgado ontem (16) pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). A pesquisa foi feita em 2007 e 2008.
(...) O relatório da OCDE mostra que a maioria (71%, maior percentual registrado) dos professores brasileiros começou a dar aulas sem ter passado por um processo de adaptação ou monitoria. A média dos países nesse quesito é de 25%.
(...) As informações foram colhidas em questionários respondidos por diretores e professores de escolas (públicas e privadas) selecionadas por amostra. No Brasil, 5.687 professores responderam ao questionário, aplicado em 2007 e 2008.
(...) Eles [professores] também têm menos experiência em sala de aula do que a média --só 19% dão aula há mais de 20 anos; a média de todas as nações comparadas é 36%. Estão abaixo da média (89,6%) ainda no nível de satisfação com o trabalho: 84,7%, o quarto menor índice."
Visão do professor sobre os alunos
Meu amigo Rainer Gonçalves (veja o blog dele aqui) fez um comentário bastante pertinente sobre o analfabetismo, ou melhor, o analfabetismo funcional, no país e também vale a pena copiar para cá. A discussão completa do Fórum pode ser vista aqui.
"Quando estive lecionando [Rainer é historiador] em escolas públicas de Ensino Fundamental, percebia que a falta de interesse de estudos por uma grande parcela de estudantes que apenas reproduziam o total desinteresse dos pais pelo saber.
Eles sobreviviam sem isso, então para que vou levar escola e professor à sério?!
Hoje, lecionando no Ensino Médio da rede privada, esse mesmo desinteresse se manifesta em alunos que não se empenham porque sabem que "papai" vai pagar uma faculdade particular qualquer para eles.
Assim eles fingem que estudam, as universidades fingem que selecionam e mais um caminhão de diplomados se espalha por aí.
Acho que enquanto não tivermos uma geração de pais que ascenderam por conta dos estudos, ainda presenciaremos esse quadro de natureza bizzara!"
Então...
Creio que temos um problema sério por aqui. Os professores não estão satisfeitos com o trabalho que exercem, os alunos não gostam e não dão valor aos professores nem à escola, que dirá ao conhecimento. E são esses mesmos alunos que vão se formar e continuar pensando "escola pra quê?". Isso porque o diploma universitário está se tornando algo banal, comercial. Qualquer um pode ter diploma de graduação hoje em dia, por isso é tão importante continuar estudando.
Agora pensem comigo: quantas pessoas, quantos amigos vocês conhecem que têm diploma e não trabalham na área que escolheram como profissão? Eu conheço vários. E se essas pessoas não ascenderem exercendo essa tal profissão, vão pensar: esse meu diploma não serve para nada. E aí voltaremos ao mesmo problema do século passado - a desvalorização do estudo por parte dos pais. Sem incentivo a criança não vê utilidade no seu esforço para entender a matemática ou o português - primeiro desafio da vida escolar.
Como se diz por aí, e agora, José?
Acho que nessa discussão vale ainda falar sobre o ProUni, mas isso vai ficar para um outro post. Até lá!
Li uma matéria publicada na Folha de São Paulo no último dia 17 e gostaria de compartilhar com vocês as partes mais importantes. A íntegra pode ser vista aqui.
"Os professores brasileiros são os que mais desperdiçam com outras atividades o tempo que deveria ser dedicado ao ensino. No período em que deveriam estar dando aula, eles cumprem tarefas administrativas (como lista de chamada e reuniões) ou tentam manter a disciplina em sala de aula (em consequência do mau comportamento dos alunos).
A conclusão é de um dos mais detalhados estudos comparativos sobre as condições de trabalho de professores de 5ª a 8ª séries de 23 países, divulgado ontem (16) pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). A pesquisa foi feita em 2007 e 2008.
(...) O relatório da OCDE mostra que a maioria (71%, maior percentual registrado) dos professores brasileiros começou a dar aulas sem ter passado por um processo de adaptação ou monitoria. A média dos países nesse quesito é de 25%.
(...) As informações foram colhidas em questionários respondidos por diretores e professores de escolas (públicas e privadas) selecionadas por amostra. No Brasil, 5.687 professores responderam ao questionário, aplicado em 2007 e 2008.
(...) Eles [professores] também têm menos experiência em sala de aula do que a média --só 19% dão aula há mais de 20 anos; a média de todas as nações comparadas é 36%. Estão abaixo da média (89,6%) ainda no nível de satisfação com o trabalho: 84,7%, o quarto menor índice."
Visão do professor sobre os alunos
Meu amigo Rainer Gonçalves (veja o blog dele aqui) fez um comentário bastante pertinente sobre o analfabetismo, ou melhor, o analfabetismo funcional, no país e também vale a pena copiar para cá. A discussão completa do Fórum pode ser vista aqui.
"Quando estive lecionando [Rainer é historiador] em escolas públicas de Ensino Fundamental, percebia que a falta de interesse de estudos por uma grande parcela de estudantes que apenas reproduziam o total desinteresse dos pais pelo saber.
Eles sobreviviam sem isso, então para que vou levar escola e professor à sério?!
Hoje, lecionando no Ensino Médio da rede privada, esse mesmo desinteresse se manifesta em alunos que não se empenham porque sabem que "papai" vai pagar uma faculdade particular qualquer para eles.
Assim eles fingem que estudam, as universidades fingem que selecionam e mais um caminhão de diplomados se espalha por aí.
Acho que enquanto não tivermos uma geração de pais que ascenderam por conta dos estudos, ainda presenciaremos esse quadro de natureza bizzara!"
Então...
Creio que temos um problema sério por aqui. Os professores não estão satisfeitos com o trabalho que exercem, os alunos não gostam e não dão valor aos professores nem à escola, que dirá ao conhecimento. E são esses mesmos alunos que vão se formar e continuar pensando "escola pra quê?". Isso porque o diploma universitário está se tornando algo banal, comercial. Qualquer um pode ter diploma de graduação hoje em dia, por isso é tão importante continuar estudando.
Agora pensem comigo: quantas pessoas, quantos amigos vocês conhecem que têm diploma e não trabalham na área que escolheram como profissão? Eu conheço vários. E se essas pessoas não ascenderem exercendo essa tal profissão, vão pensar: esse meu diploma não serve para nada. E aí voltaremos ao mesmo problema do século passado - a desvalorização do estudo por parte dos pais. Sem incentivo a criança não vê utilidade no seu esforço para entender a matemática ou o português - primeiro desafio da vida escolar.
Como se diz por aí, e agora, José?
Acho que nessa discussão vale ainda falar sobre o ProUni, mas isso vai ficar para um outro post. Até lá!
As coisas são estranhas.
ResponderExcluirAo mesmo tempo em que isso acontece, temos uma geração de jovens que lê mais.
Me deparei hoje com uma aluna lendo um , conforme ela disse, um "não best-seller".
Tenha fé, Rainer. Tenha fé!
Valeu pela citação;P