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31 janeiro 2010

Estar no lugar certo na hora certa

Era um belo sábado pós-aniversário, onde eu tinha ido dormir às 3h e acordado às 6h. Humor matinal zero. Pauta michuruca: viajar com o pessoal da tv (Lisa Borile e Eudes Alves - o cinegrafista) para Serranópolis (a 80km de Jataí) pra cobrir parte das atividades do Projeto Rondon na cidade. O que, por acaso, vim a descobrir que era retirar o lixo das margens do rio/riacho/córrego (ninguém sabia ao certo) Moranga.

Eu, que não acho muito inteligente me aventurar no meio do mato, tava achando tudo muito complicado. Era muito barro, mato muito alto, esterco de vaca para todos os lados e muitos, muitos obstáculos. Vários deles eram arames. Alguns de cerca elétrica e outros farpados - o que me deixou com um rasgo na calça. Ótimo...


De fato o rio precisava de um cuidado especial. Ele é do tipo que tem cachoeira, então em vários pontos há pedras e pequenas quedas, onde um dia (quando aquilo não era tão poluído) pessoas usavam pra acampar e passar um tempo agradável com a família. Encontraram até um fogão de duas bocas em uma dessas pedras!


Ah, e é claro que eu não estava preparada para viver essa aventura. De calça jeans e tênis eu perdi o humor completamente quando enfiei o pé na lama - literalmente - e sujei até a canela de barro. Daí sem muita paciência esperei que a Lisa fosse fazer o VT dela e voltasse. Escolhi uma árvore preguiçosa pra sentar - acredite se quiser, mas ela fica deitada - e a situação do meu calçado não me deixava ver as coisas claramente.


Mas eis que surge a luz, digo, o telefonema. O supervisor de telejornalismo liga e avisa a Lisa de que era preciso viajar até Lagoa Santa (a mais ou menos 150 km de onde estávamos) pra cobrir a enchente que tinha deixado todo o centro da cidade inundado. Essa é a hora em que lugar certo e hora certa entram na história. Se eu não tivesse topado a pauta michuruca não existiria a menor possibilidade de viajar com eles até a famosa cidade turística.

O cachorro ganhou uma casinha especial pra se proteger da água

Corre daqui, corre de lá, vamos pra Itajá. A via que dá acesso à Lagoa Santa já estava inundada. Água chegava a mais de um metro em alguns pontos. Quanto mais pro centro, mais o nível da água subia. Como toda boa pequena cidade, todo o seu comércio estava no centro e, portanto, todos os proprietários tiveram prejuízo.

Esse é o ponto onde era a praça principal. Atrás das árvores, o rio Aporé

Moradores contaram que a água subiu mto rápido: entre as 20h da sexta e as 2h do sábado. Ninguém conseguiu dormir tentando salvar seus móveis e eletrodomésticos. Muitas dessas tentativas foram em vão. Era a primeira vez que eu cobria uma situação dessas e estava me sentindo "a" jornalista. Rs. 


Todo o transporte pela cidade estava sendo feito à pé, por quem se aventurava a encarar a correnteza, ou por canoas emprestadas pelos locais. Rio e cidade se confundiam. A praça principal desapareceu, assim como a lagoa de águas termais. Uma ilha que existia no centro simplesmente sumiu. 


 


A tal praça era aí, onde hoje estão os barcos

Emoção, emoção, emoção. Corre daqui, corre de lá, precisávamos voltar logo a Jataí para decupar o material que, a princípio, seria enviado pro Globo Notícia. Almoço às 16h, quando alcançamos uma cidade (Aporé) para comprar batata Ruffles. Remédio pra enjoo pra suportar a viagem cheia de buracos feita a 150km/h pra conseguir chegar a tempo em Jataí.

Chegamos ao destino logo depois das 17h. Pessoal do jornal aguardando minha matéria e minhas fotos. Depois de 6 meses de trabalho, finalmente teria a chance de emplacar capa pro jornal. Mas eis que surge o olho gordo. Só pode, não tem explicação.

Editor liga às 19h. "Marla, nosso deadline hoje é às 20h. Seu texto já está no esquema?". Sem problemas, já estava fechando a terceira lauda, era só revisar e enviar. Coisa de 10 minutos. Peço 30 pra garantir. "Ok", ele responde.

19h15: o computador mega virulento simplesmente dá pau e perde 2 laudas e meia de texto, mesmo eu tendo a mania incontrolável de salvar a cada frase. Ódio, muito ódio. Desespero. Editor liga. "E aí?". Perdi o texto, vou ter que recomeçar praticamente do zero, digo. Ele me solta um "putz". Que para os meus ouvidos significa o bom e velho "se vira". 19h45: envio o texto com uma lauda e pouco - que foi o que deu pra fazer em meia hora.

Mas é isso aí. Apesar da merda da última hora, foi a minha primeira cobertura massa, então, quero lembrar desse dia como o dia mais jornalístico da minha vida: trabalhar das 7h às 20h direto, almoçar batata ruffles e viajar a 150km/h para e de uma cidade inundada em apenas seis horas.

4 comentários:

  1. Amiga sucesso e parabéns pela cobertura. Fiquei muito feliz e orgulhosa de você. Agora tem guardar esta capa com todo carinho. Beijosssssss...

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  2. Só pra atualizar vocês: a matéria foi capa do jornal de domingo com matéria de meia página!! Fotinha da Marla estampando a capa do jornal! Suuuuuuucesso!

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  3. Anônimo1/2/10 10:26

    Que mostrar aqui minha indignação. Primeiro Vossa Senhoria esqueceu os créditos da minha foto, aquela que aparece Você Excelência e Eudes Alves... A propósito vou abrir uma CPI pra investigar essa bagunça. Reclamação DOIS: nenhuma fotinha minha, você me cortou da equipe?? Foi isso mesmo???
    E POR ÚLTIMO!!! Parabéns!!!!!!!!! CAPA O POPULAR DE DOMINGÃO!!!!!!! VIU COMO RENDEU AGUENTAR LISA BORILE E EUDES ALVES ATÉ LAGOA SANTA. É ISSO!! FIM!!!
    Não preciso dizer quem sou... ou preciso??? hehehe

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